zzzzzzimagelEsta reportagem foi retirada do site Informatica Educacional e trata da hiperatividade, característica bem marcante nas pessoas com SW.

PRECISO DE SUA AJUDA

Transtorno, de quê? Déficit de Atenção? Hiperatividade? Isso te incomoda? Claro… Tem gente que vê, e não enxerga. Tem gente que conhece, mas ignora. Tem gente que não conhece, mas repele. Ou apenas finge que não vê… Tem médicos que diagnosticam erradamente, mesmo sem saber. Tem professores que rotulam, mesmo sem saber. Tem pais que desconhecem e continuam sem saber… O portador de TDAH, quase sempre se sente diferente, mas não sabe porque, não consegue entender… Nasce, cresce e vive com os rótulos aos quais o classificam como diferente. Porque todo mundo vê que é diferente, mas não entende? Enxerga e não vê. Não vê a necessidade que o portador de TDAH tem de sentir-se amado, respeitado, entendido… Você não pode ser aquilo que o classificam… mas todos o classificam diferente. Porque se também sou inteligente? Não consigo ficar parado e sei que isso te irrita, mas não posso controlar… preciso de tua ajuda. Não consigo me organizar, nem planejar, não consigo controlar, preciso de tua ajuda. Não consigo, simplesmente não consigo… preciso de tua ajuda. Não sou diferente, apenas não sou igual aos outros. Onde está você meu professor que estudou tanto para me entender e agora não me vê como seu aluno? Onde está a escola que eu preciso para me tornar um cidadão respeitado? Onde está o governo que diz que todo criança tem direito a escola? Onde está a Secretaria de Educação, o MEC que com seu corpo de profissionais competentes nada fizeram para me ajudar…? Onde estão todos vocês que disseram que tenho direitos??? Onde estão todos??? Vejo meus pais lutarem para entender sobre mim e nem eu mesmo entendo. Estou crescendo… continuo me perguntando porque as pessoas ainda não me entendem? Não sou revoltado, nem mimado, mas preciso entender tudo isso. Não aguento mais a média escolar, nem as recuperações que muito me deixam desanimado. Acho que é esta a palavra, desanimado…é assim que me sinto diante de tanta burocracia e falta de compreensão. Até agora não vejo validade na escola. Sempre recebo ocorrências de que sou indisciplinado, que não paro quieto, que atrapalho a professora em sala, que atrapalho os meus colegas, que não sou competente para tirar uma nota boa… Engraçado, a escola e os professores também me atrapalham. Tem um ventilador na minha cabeça que gira e faz um barulho que me deixa louco. A conversa dos colegas me distrai, o roteiro das aulas de história e geografia e de outras teorias cansativas que sou obrigado a ouvir calado e sentado. Odeio ficar sentado e nada posso fazer. Enquanto meus colegas tem tolerância para isso a minha é zero…eu até que tento, mas isso é um sacrifício terrível, ultrapasso meus limites de tolerância…fico irritado, desgastado, cansado e ninguém faz nada…nadinha…apenas me enviam ocorrências que me levam a sair da sala e chamam meus pais à escola. Minhas notas não são as melhores, mas sei o quanto sou inteligente. Não entendo as pessoas, mas tenho certeza que elas me entendem menos ainda…Quando será que isso vai acabar….Já estou no ensino médio e essa tortura não tem fim.. Tem gente que é muda, surda e cega de verdade, pois não fala a minha língua, não me ouve e não me vê. Tem gente que se cala diante da realidade, pois fica mais cômodo conviver. É para essa gente que preciso pedir ajuda pois preciso olhar o mundo e acreditar que eu também tenho direito ao meu espaço.

(O autor é portador de TDAH e prefere ficar no anonimato)


TDAH (Transtorno Déficit de Atenção com Hiperatividade)

Durante muitos anos, crianças sofrem os abusos da ignorância educacional, de forma a rotulá-las diante da sociedade que a cerca. Esta é a realidade de muitas crianças e adolescentes portadores de TDAH, que após conviver com suas dificuldades, adverte (através de seu comportamento) a sua família, a escola e aos amigos como respeitar suas diferenças para que ele próprio supere os seus limites.

O texto acima é apenas um grito de socorro ao qual devemos refletir: escolas, educadores e pais, não podemos mais permitir o anonimato de crianças, adolescentes e adultos que ainda hoje não são entendidos e respeitados. É preciso que sejamos competentes naquilo que optarmos em fazer, e acima de tudo que sejamos competentes ao fazê-lo. Sejamos pais ou educadores, é preciso conhecer, avaliar, educar e não se desesperar diante do diagnóstico.

É preciso aprender a conviver e acima de tudo, é preciso respeitar esta convivência. “O transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, é um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a impulsividade. Este transtorno tem um grande impacto na vida da criança ou do adolescente e das pessoas com as quais convive (amigos, família e professores).” ( TDAH p.36).

Baseado neste aspecto que constrange drasticamente crianças, adolescentes e principalmente seus familiares é que insistiremos na importância de que todos, inclusive os educadores ampliem seus conhecimentos, visto que eles utilizam o saber e a criatividade para ministrar aulas para seus alunos e também alunos portadores de TDAH que eles desconhecem.

Precisamos crer que os processos educacionais vigentes, através da capacitação de seu corpo docente, priorizem a aprendizagem respeitando as várias formas de inteligência que todos possuímos, para que possamos formar adolescentes conscientes, autônomos e mais capazes de acreditar no seu verdadeiro potencial. Com este trabalho, procuramos alertar pais, professores e acima de tudo, informar e conscientizar os alunos portadores desta síndrome, que desconhecem os motivos para tais comportamentos.

Nossa caminhada está apenas começando e com ela pretendemos alertar a todas as pessoas que encontrarmos neste percurso. Acreditamos que podemos multiplicar o nosso conhecimento para melhorar o rendimento e o desenvolvimento de nossos filhos e alunos. Convidamos você para fazer parte dessa longa caminhada…

O PROBLEMA

Estamos vivendo um momento histórico na área Educacional. Ações isoladas e individuais vão moldando lentamente a nova imagem do educando e do educador absorvendo teorias pedagógicas ditas mais modernas. Existe uma permanente adaptação e atualização para a sobrevivência desta relação. Os professores são privilegiados por estarem em companhia de seus alunos a maior parte do tempo, podendo analisar, observar e diagnosticar as dificuldades de aprendizagens.

Infelizmente, esta realidade retrata classes relativamente cheias, mal podendo compreender várias destas dificuldades manifestadas por alguns destes alunos. Geralmente, eles são rotulados injustamente e recebem o título de mal educados, indisciplinados, malandros, preguiçosos, desequilibrados, loucos, irresponsáveis, e carregam ano após ano, o peso de “seus desajustes” ou “suas incapacidades”.

O Transtorno (ou Síndrome) de Déficit de Atenção com (ou sem) Hiperatividade; ou ADD( do inglês Attention Deficit Disorder), é um assunto pouco conhecido na área educacional. No início do século XX, esse distúrbio foi chamado de disfunção cerebral mínima, passando posteriormente a ser chamado de hipercinesia, ou hipercinese, logo a seguir, Hiperatividade, nome que ficou mais conhecido e perdurou por mais tempo.

Em 1987, passou a ser chamado de distúrbio de déficit de atenção , ou ainda distúrbio de déficit de atenção com Hiperatividade, sendo que muitas vezes utiliza-se somente a sigla DDA (em português) ou ADD (em inglês ” Attencion Deficit Disorder ” ). É também eventualmente chamado de Síndrome de Déficit de Atenção ou Transtorno de Déficit de Atenção. Com a publicação do DSM-III (Manual Americano de Diagnóstico e Estatística, que vai sendo revisado periodicamente pela Associação Psiquiátrica Americana) em 1980, o TDAH foi reconhecido.

O TDAH foi descrito inicialmente no séc. XIX por Henrich Hoffman, em crianças. Após muitos anos, ela foi amplamente divulgada no meio médico e ainda hoje podemos observar diagnósticos falhos sobre esta síndrome.

SIGNIFICÂNCIA DO PROBLEMA

Você já ouviu falar de Transtorno do Déficit de Atenção, ou ainda, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade/Impulsividade (TDAH) popularmente chamado de DDA? Sua principal característica é a dificuldade em manter os níveis necessários de atenção, Impulsividade e inquietude motora e psíquica. Ainda pouco conhecido na área educacional, o TDAH vem trazendo grandes transtornos a pais (família de um modo geral) e professores.

Cada um a sua moda sofrem com esta síndrome. É comum médicos diagnosticarem erroneamente esse distúrbio dizendo que é mau comportamento, falta de educação e limites, ou mesmo que isso desaparece com o tempo. Sabemos que isso não é verdade e não devemos ser conivente com esta falta de informação. É necessário uma minuciosa investigação para atestar com precisão o diagnóstico e tratar suas causas de forma a minimizar as dificuldades e constrangimentos sofridos pelas crianças e adolescentes.

Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é o nome que se dá a uma condição em que a pessoa, quando comparada a outra, da mesma idade e sexo, mostra uma sensível redução de habilidades para manter a atenção, controlar suas ações ou dizer algo sem pensar, regular as atividades físicas de acordo com a situação, ser motivada a ouvir os outros, compreender e acatar o que lhe foi dito. O TDAH é causado por uma pequena disfunção cerebral que torna a pessoa incapaz de pensar claramente, de ter um humor estável, de manter as fantasias e impulsos sob controle, de estar satisfatoriamente motivada na vida e de regular essa energia na proporção correta, dentro da situação em que se encontra.

Estudos comprovam que, a falta de atenção, impulsividade, irritabilidade, intolerância e frustração são alguns sintomas de quem é portador do TDAH e que acabam tendo maior tendência à depressão e uso de drogas e álcool (isso não é uma regra geral). Um dos problemas mais graves a serem enfrentados é a discriminação de professores, colegas e até da família.

Os pais, muitas vezes, criam um ambiente de tensão, ao exigirem que elas se comportem ou dêem respostas como as outras. Tudo isso contribuiu para que as pessoas nessas condições tenham auto-estima baixa e passem a exigir atenção especial de pais e educadores pois elas nem conseguem ficar por muito tempo paradas ou em silêncio. Se é hiperativa, a pessoa com TDAH sofre ainda com o aumento das suas reações emocionais e por não reconhecer seus limites, sendo que em ambiente estressante o problema tende a se agravar.

OBJETIVOS

É preciso que o educador tenha em mente, a constante necessidade de atualizar-se diante de novos desafios que surgem a partir de nossa prática pedagógica. A avaliação de um aluno precisa ser melhor observada e estudada pelo educador antes de um diagnóstico precipitado. É preciso um estudo holistico e minucioso, pois, muitas vezes basta mudar a atitude em relação ao educando, para que tenhamos resultados positivos. Ao longo de nosso estudo, buscamos atingir vários objetivos dentre os quais, destacamos:

• Alertar e orientar os educadores para uma melhor avaliação, encaminhando ou interferindo quando necessário; • Informar e orientar a família sobre o TDAH; • Auxiliar adolescentes portadores de TDAH, a conviverem com a síndrome, e aprenderem a se educar.

A FAMÍLIA E A ESCOLA

Diferente do que se via até algum tempo atrás, hoje, o professor deve apresentar-se como um componente ativo e informado, para compartilhar conhecimentos específicos e gerais para um melhor resultado do ensino x aprendizagem. A interação professor x família não deve ser apenas conteudista. A comunicação deve ser efetiva entre a família, a escola e o aluno. Neste triângulo deve haver uma cumplicidade mútua para que possamos de forma racional detectar, administrar e resolver os problemas de aprendizagem, os conflitos, a disciplina e o desenvolvimento das habilidades deste aluno.

A convivência de um adolescente portador de TDAH, torna-se complicada, a medida que seus familiares desconhecem os fatores que implicam para alteração de seu comportamento. Isso geralmente é visível quando a criança inicia a vida escolar ou entra na adolescência. Sua organização, seus limites, suas necessidades começam a ser fiscalizadas e cobradas de forma mais rígida pela família e principalmente pelos pais.

O adolescente portador de TDAH, quando pressionado pela família, apresenta uma desordem generalizada tornando-se mais angustiado, impulsivo, irritado, intolerante, agitado, ansioso, frustrado e sobretudo mais desorganizado. Ele pode se associar ao uso de drogas, a problemas comportamentais, dificuldades com a linguagem e tendência a perda de auto-estima, com maior freqüência que o esperado de outros transtornos, tais como a depressão e a ansiedade. É importante que a família esteja atenta e “não perca seu filho de vista”.

TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO

Na idade escolar, a desatenção é a grande queixa dos professores. Não há uma solução fácil para administrar TDAH na sala de aula ou em casa. A eficácia de qualquer tratamento deste problema na escola depende do conhecimento e da persistência da equipe educacional e de sua intensa comunicação com a família. Tudo isso contribui para que as pessoas nessas condições tenham auto-estima baixa e passem a exigir atenção especial de pais e educadores pois elas nem conseguem ficar por muito tempo paradas ou em silêncio. O transtorno do déficit de atenção é uma sindrome que afeta um grande números de crianças.

No Brasil atinge cerca de 10% da população, comprometendo o desempenho escolar, dificultando as relações intrapessoais e interpessoais provocando baixa auto-estima. É um problema que atinge nada menos do que 1/3 da população mundial, segundo levantamento realizado recentemente por especialistas dos Estados Unidos. Esse transtorno afeta mais os homens, mas quando atinge as mulheres, se destaca com mais intensidade.

A dificuldade em conviver com essa situação é provocada mais pela falta de informação e de compreensão dos pais e educadores, pois a questão é entender como são essas pessoas e como elas se comportam. A partir do diagnóstico, torna-se possível adoção de medidas que incluem um novo direcionamento na sua educação, não apenas na escola, mas em casa e em outros ambientes, sempre procurando uma acomodação de acordo com as suas necessidades.

Também é fundamental que esse trabalho educacional seja integrado, incluindo pais e professores, com uma grande dose de compreensão, determinação, perseverança e paciência. Com estas medidas não vamos mudar o quadro do paciente, mas ofereceremos a ajuda necessária para que ele entenda suas dificuldades e aprenda a se educar diante da administração de sua própria vida.

SINTOMAS A SEREM OBSERVADOS:

Se a criança tem pelo menos seis desses sintomas…
Se a criança tem pelo menos seis desses sintomas…
• É inquieto, vive mexendo as mãos e pés e se remexendo na cadeira . • Não enxerga detalhes ou comete muitos erros por falta de cuidado.
• Tem dificuldade de permanecer sentado. • Tem dificuldade de manter a atenção.
• Corre sem destino ou vive subindo nos móveis, janelas, muros etc. • Parece não ouvir quando está entretido com alguma coisa.
• Tem dificuldade de engajar-se em atividades. • Tem dificuldade de seguir instruções e regras ou não termina o que começa.
• Fala excessivamente • Evita ou não gosta de tarefas que exijam esforço prolongado

• Responde às perguntas antes mesmo que sejam formuladas

• Perde frequentemente objetos necessários às suas atividades

• Age como se movido por um motor

• Distrai-se com facilidade

• Tem dificuldade de esperar a vez

• Esquece frequentemente de cumprir atividades diárias

• Interrompe ou se intromete em qualquer conversa
…ela pode sofrer do transtorno da hiperatividade
…ela pode ter déficit de atenção.

Fonte:A Gazeta Viva – Ano 1 – nº 4 – Abril/2000 (p.50 a 53)


O DIAGNÓSTICO

Vários estudos e pesquisas demonstraram que 3 a 6% da população de crianças de 4 a 7 anos apresentam TDAH. O diagnóstico dessa síndrome é clínico. Existem escalas que descrevem os sintomas de atenção, Hiperatividade e Impulsividade (Escala de Conners, a Escala de Problemas de Atenção do Inventário de Comportamento de Crianças e Adolescentes, Escala de Inteligência Wechsler para Crianças). Esta Escalas podem ser úteis como “ferramentas auxiliares” no processo do diagnóstico, mas não servem como instrumentos isolados. O exame neurológico evolutivo, realizado por neurologistas de crianças pode indicar dados que fortalecem o diagnóstico clínico.

Os dados isolados desta avaliação não são suficientes para o diagnóstico preciso. Outros testes neuropsicológicos mais complexos e exames mais modernos, como a tomografia por emissão única de fóton, são bastante promissoras para o futuro. Neste momento, fazem parte apenas de ambiente de pesquisa, não sendo ainda confiáveis para o diagnóstico. Quanto mais cedo é feito diagnóstico, menores são as conseqüências psicológicas nas crianças ao longo dos anos. Outra vantagem é a identificação precoce da possível existência de outras doenças associadas, fenômeno que chamamos de comorbidade (a existência de dois distúrbios com mais freqüência do que o esperado pelo acaso).

Os distúrbios comórbidos mais comuns são: a depressão, os variados distúrbios de ansiedade, dificuldades com a linguagem (as chamadas disfasias) e problemas comportamentais. Sabemos hoje em dia que até 2/3 das crianças com TDAHI na infância terão sintomas por toda a vida. É claro, eles vão se tornando um pouco diferentes daqueles apresentados na infância. A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida em 1980 por ocasião da publicação do DSM-III (manual americano de diagnóstico e estatística, que vai sendo revisado periodicamente) pela Associação Psiquiátrica Americana.

Muito tempo transcorreu até que ela fosse amplamente divulgada no meio médico e ainda hoje, observa-se que este diagnóstico é apenas raramente realizado, persistindo o estereótipo de um transtorno acometendo meninos que não permanecem quietos em sala de aula e que têm mau desempenho escolar. Houveram vários obstáculos ao reconhecimento da forma adulta, hoje considerada relativamente comum. Os professores nem sempre sabem que não existe apenas uma única síndrome do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), mas muitas. Raramente ocorre de uma forma “pura”, normalmente apresenta-se ligada a muitos outros problemas como dificuldade de aprendizado ou mal humor, é inconstante e imprevisível. O tratamento para o TDAH, representa uma dura missão de trabalho e devoção para pais e professores.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO

O DSM-IV (DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS), relaciona alguns critérios de diagnósticos mais explicativos para o TDAH, que são:

Módulo 1. Seis ou mais dos seguintes sintomas de desatenção persistiram pelo menos por 6 meses em grau desadaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento da criança.

• frequentemente não presta atenção a detalhes e comete erros por descuido nas tarefas escolares, trabalho ou outras atividades; frequentemente tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou jogos; • frequentemente parece não escutar quando lhe falam diretamente; • frequentemente não segue as instruções até o final e não termina tarefas escolares, atribuições domésticas, ou deveres no trabalho (que não seja devido a comportamento opositivo ou incapacidade de entender as instruções); • frequentemente tem dificuldades em organizar tarefas e atividades; • frequentemente evita, desgosta ou é relutante em se engajar em tarefas que exigem esforço mental mantido (tais como tarefas escolares e domésticas); • frequentemente perde coisas necessárias para as tarefas e atividades, tais como brinquedos, obrigações escolares, lápis, livros ou ferramentas; • É com freqüência facilmente distraído por estímulos externos; • É frequentemente esquecido em atividades diárias.

Módulo 2. Seis ou mais dos seguintes sintomas de hiperatividade e impulsividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau desadaptativo ou inconsistente com o nível de desenvolvimento da criança.

• Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira; • Frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; • Frequentemente corre ou escala em demasia, nas situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode ser sensação subjetiva de inquietude); • Com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; • Freqüentemente está “a mil” ou “a todo vapor”; • Freqüentemente fala em demasia; • Impulsividade; • Freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas; • Com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez; • Freqüentemente se intromete ou interrompe os outros.

Os sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade.

Predominantemente Desatento: pelo menos seis da lista de sintomas do grupo de desatenção.

Predominantemente Hiperativo/Impulsivo: pelo menos seis da lista de sintomas do grupo de Hiperatividade/Impulsividade.

Tipo Misto ou Combinado: seis tanto da lista de sintomas do grupo de desatenção quanto da lista de Hiperatividade/Impulsividade.


INFORMAÇÕES ÚTEIS PARA ADMINISTRAÇÃO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO EM SALA DE AULA

(Elaborado pelo Dr. Edward M. Hallowell & Dr. Jonh J. Ratey e, 1992, traduzido por Luiz Henrique (031)41150-57)

Aqui apresentamos algumas dicas elaboradas por Edward M. Hallowell para o trato de crianças com TDAH na escola. As sugestões a seguir visam auxiliar o professor na sala de aula. Algumas sugestões vão ser evidentemente mais adequadas às crianças menores, outras às mais velhas, mas, em termos de estrutura, educação e encorajamento, são pertinentes a qualquer um.

01 – Antes de tudo, tenha certeza de que o que você está lidando é DA (Déficit de Atenção). Definitivamente não é tarefa dos professores diagnosticar a DA, mas você pode e deve questionar. Especificamente tenha certeza de que alguém tenha testado a audição e a visão da criança recentemente e tenha certeza também de que outros problemas médicos tenham sido resolvidos. Tenha certeza de que uma avaliação adequada foi feita. Continue questionando até que se sinta convencido. A responsabilidade disso tudo é dos pais e não dos professores, mas o professor pode contribuir para o processo.

02 – Segundo, prepare-se para suportar. Ser uma professora na sala de aula onde há duas ou três crianças com DA pode ser extremamente cansativo. Tenha certeza de que você possa ter o apoio da escola e dos pais. Tenha certeza de que há uma pessoa com conhecimento á qual você possa consultar quando tiver um problema (pedagogo, psicólogo infantil, assistente social, psicólogo da escola ou pediatra) mas a formação da pessoa não é realmente importante. O que importa é que ele ou ela conheça muito sobre DA, conheça os recursos de uma sala de aula e possa falar com clareza. Tenha certeza de que os pais estão trabalhando com você. Tenha certeza de que os colegas podem ajudar você.

03 – Conheça seus limites. Não tenha medo de pedir ajuda. Você, como professor, não pode querer ser uma especialista em DA. Você deve sentir-se confortável em pedir ajuda quando achar necessário.

04 – PERGUNTE À CRIANÇA O QUE PODE AJUDAR Estas crianças são sempre muito intuitivas. Elas sabem dizer a forma mais fácil de aprender, se você perguntar. Elas ficam normalmente temerosas em oferecer informação voluntariamente porque isto pode ser algo muito ousado ou extravagante. Mas tente sentar sozinho com a criança e perguntar-la como ela pode aprender melhor. O melhor especialista para dizer como a criança aprende é a própria criança. É assustadora a freqüência com que suas opiniões são ignoradas ou não são solicitadas. Além do mais, especialmente com crianças mais velhas, tenha certeza de que ela entende o que é DA. Isto vai ajudar muito a vocês dois.

05 – Lembre-se de que as crianças com DA necessitam de estruturação. Elas precisam estruturar o ambiente externo, já que não podem se estruturar internamente por isso mesmos. Faça listas. Crianças com DA se beneficiam enormemente quando têm uma tabela ou lista para consultar quando se perdem no que estão fazendo. Elas necessitam de algo para fazê-las lembrar das coisas, de previsões, de repetições, diretrizes, limites e organização.

06 – LEMBRE-SE DA PARTE EMOCIONAL DO APRENDIZADO Estas crianças necessitam de um apoio especial para encontrar prazer na sala de aula. Domínio ao invés de falhas e frustrações. Excitação ao invés de tédio e medo. É essencial prestar atenção nas emoções envolvidas no processo de aprendizagem.

07 – Estabeleça regras. Tenha-as por escrito e fáceis de serem lidas. As crianças se sentirão seguras sabendo o que é esperado delas.

08 – Repita as diretrizes. Escreva as diretrizes. Fale das diretrizes. Repita as diretrizes. Pessoas com DA necessitam ouvir as coisas mais de uma vez.

09 – Olhe sempre nos olhos. Você pode “trazer de volta” uma criança DA através dos olhos nos olhos. Faça isto sempre. Um olhar pode tirar uma criança do seu devaneio ou dar-lhe liberdade para fazer uma pergunta ou apenas dar-lhe segurança silenciosamente.

10 – Na sala de aula coloque a criança sentada próxima à sua mesa ou próxima de onde você fica a maior parte do tempo. Isto ajuda a evitar a distração que prejudica tanto estas crianças.

11 – Estabeleça limites, fronteiras. Isto deve ser devagar e com calma, não de modo punitivo. Faça isto consistente, previa, imediata e honestamente. Não seja complicado, falando sem parar. Estas discussões longas são apenas diversão. Seja firme.

12 – Preveja o máximo que puder. Coloque o plano no quadro ou na mesa da criança. Fale dele frequentemente. Se você for alterá-lo, como fazem os melhores professores, faça muitos avisos e prepare a criança. Alterações e mudanças sem aviso prévio são muito difíceis para estas crianças. Elas perdem a noção das coisas. Tenha um cuidado especial e prepare as mudanças com a maior antecedência possível. Avise o que vai acontecer e repita os avisos à medida em que a hora for se aproximando.

13 – Tente ajudar as crianças a fazerem a própria programação para depois da aula, esforçando-se para evitar um dos maiores problemas do DA: a procrastinação.

14 – Elimine ou reduza a freqüência dos testes de tempo. Não há grande valor educacional nestes testes e eles definitivamente não possibilitam as crianças DA mostrarem o que sabem.

15 – Propicie uma espécie de válvula de escape como, por exemplo, sair da sala de aula por alguns instantes. Se isto puder ser feito dentro das regras da escola, poderá permitir à criança deixar a sala de aula ao invés de se desligar dela e, fazendo isto, começa a aprender importantes meio de auto-observação auto-monitoramento.

16 – Procure a qualidade ao invés de quantidade dos deveres de casa. Crianças DA frequentemente necessitam de uma carga reduzida. Enquanto estão aprendendo os conceitos, elas devem ser livres. Elas vão utilizar o mesmo tempo de estudo e não vão produzir nem mais nem menos do que elas podem.

17 – Monitore o progresso freqüentemente. Crianças DA se beneficiam enormemente com o freqüente retorno do seu resultado. Isto ajuda a mantê-los na linha, possibilita a eles saber o que é esperado e se eles estão atingindo as suas metas, e pode ser muito encorajador.

18 – Divida as grandes tarefas em tarefas menores. Esta é uma das mais importantes técnicas de ensino das crianças DA. Grandes tarefas abafam rapidamente as crianças e elas recuam a uma resposta emocional do tipo eu nunca vou ser capaz de fazer isto. Através da divisão de tarefas em tarefas mais simples, cada parte pequena o suficiente para ser facilmente trabalhada, a criança foge da sensação de abafado. Em geral estas crianças podem fazer muito mais do que elas pensam. Pela divisão de tarefas o professor pode permitir à criança que demonstre a si mesma a sua capacidade. Com as crianças menores isto pode ajudar muito a evitar acessos de fúria pela frustração antecipada. E com os mais velhos, pode ajudar as atitudes provocadoras que elas têm freqüentemente. E isto vai ajudar de muitas outras maneiras também. Você deve fazer isto durante todo o tempo.

19 – Permita-se brincar, divertir. Seja extravagante, não seja normal. Faça do seu dia uma novidade. Crianças DA adoram novidades. Elas respondem às novidades com entusiasmo. Isto ajuda a manter a atenção – tanto a delas quanto a sua. Estas crianças são cheias de vida, elas adoram brincar. E acima de tudo, elas detestam ser molestadas. Muitos dos tratamentos para elas envolvem coisas chatas como estruturas, programas, listas e regras. Você deve mostrar a elas que estas coisas não estão necessariamente ligadas às pessoas, professores ou aulas chatas. Se você, às vezes, se “fizer de bobo” poderá ajudar muito.

20 – Novamente, cuidado com a superestimulação. Como um barro de vaso no forno, a criança pode ser queimada. Você tem que estar preparado para reduzir o calor. A melhor maneira de lidar com os caos na sala de aula é, em primeiro lugar, a prevenção.

21 – Esforce-se e não se dê satisfeito, tanto quanto puder. Estas crianças convivem com o fracasso, e precisam de tudo de positivo que você puder oferecer. O fracasso não pode ser super – enfatizado: estas crianças precisam e se beneficiam com os elogios. Elas adoram o encorajamento. Elas absorvem e crescem com isto. E sem isto elas retrocedem e murcham. Frequentemente o mais devastador aspecto do DA não é DA propriamente dito e sim o prejuízo à auto-estima. Então, alimente estas crianças com encorajamento e elogios.

22 – A memória é frequentemente um problema para eles. Ensine a eles pequenas coisas como neumônicos, cartão de lembretes, etc. Eles normalmente têm problemas com o que Mel Levine chama de Memória do Trabalho Ativa, o espaço disponível no quadro da sua mente, por assim dizer. Qualquer coisa que você inventar – rimas, códigos, dicas – pode ajudar muito a aumentar a memória.

23 – Use resumos. Ensine resumido. Ensine sem profundidade. Estas técnicas não são fáceis para crianças DA, mas, uma vez aprendidas, podem ajudar muito as crianças a estruturar e moldar o que está sendo ensinado, do jeito que é ensinado. Isto vai ajudar a dar a criança o sentimento de domínio durante o processo de aprendizagem, que é o que elas precisam, e não a pobre sensação de futilidade que muitas vezes definem a emoção do processo de aprendizagem destas crianças.

24 – Avise sobre o que vai falar antes de falar. Fale. Então fale sobre o que já falou. Já que muitas crianças com DA aprendem melhor visualmente do que pela voz, se você puder escrever o que será falado e como será falado, isto poderá ser de muita ajuda. Este tipo de estruturação põe as idéias no lugar.

25 – Simplifique as instruções. Simplifique as opções. Simplifique a programação. O palavreado mais simples será mais facilmente compreendido. E use uma linguagem colorida. Assim como as cores, a linguagem colorida prende atenção.

26 – Acostume-se a dar retorno, o que vai ajudar a criança a tornar-se auto-observadora. Crianças com DA tendem a não ser auto-observadora. Elas normalmente não têm idéia de como vão ou como têm se comportado. Tente informá-las de modo construtivo. Faça perguntas como: Você sabe o que fez? ou Como você acha que poderia ter dito isto de maneira diferente? ou Você acha que aquela menina ficou triste quando você disse o que disse?. Faça perguntas que promovam a auto-observação.

27 – Mostre as expectativas explicitamente.

28 – Um sistema de pontos é uma possibilidade de mudar parte do comportamento (sistema de recompensa para as crianças menores). Crianças com DA respondem muito bem às recompensas e incentivos. Muitas delas são pequenos empreendedores.

29 – Se a crianças parece ter problemas com as dicas sociais – linguagem do corpo, tom de voz, etc – tente discretamente oferecer sinais específicos e explícitos, como uma espécie de treinamento social. Por exemplo, diga antes de contar a sua história, procure ouvir primeiro a de outros ou olhe para a pessoa enquanto ela está falando. Muitas crianças com DA são vistas como indiferentes ou egocêntricas, quando de fato elas apenas não aprenderam a interagir. Esta habilidade não vem naturalmente em todas as crianças, mas pode ser ensinada ou treinada.

30 – Aplique testes de habilidades.

31 – Faça a criança se sentir envolvida nas coisas. Isto vai motivá-la e a motivação ajuda o DA.

32 – Separe pares ou trios ou até mesmo grupos inteiros de crianças que não se dão bem juntas. Você deverá fazer muitos arranjos.

33 – Fique atento à integração. Estas crianças precisam se sentir enturmadas, integradas. Tão logo se sintam enturmadas, se sentirão motivadas e ficarão mais sintonizadas.

34 – Sempre que possível, devolva as responsabilidades à criança.

35 – Experimente um caderno escola – casa – escola. Isto pode contribuir realmente para a comunicação pais – professores e evitar reuniões de crises. Isto ajuda ainda o freqüente retorno de informação que a criança precisa.

36 – Tente utilizar relatórios diários de avaliação.

37 – Incentive uma estrutura do tipo auto-avaliação. Troca de idéias depois da aula pode ajudar. Utilize também os intervalos de aula.

38 – Prepare-se para imprevistos. Estas crianças necessitam saber com antecedência o que vai acontecer, de modo que elas possam se preparar. Se elas, de repente, se encontram num imprevisto, isto pode evitar excitação e inquietos.

39 – Elogios, firmeza, aprovação, encorajamento e suprimento de sentimentos positivos.

40 – Com as crianças mais velhas, faça com que escrevam pequenas notas para eles mesmos, para lembrá-los das coisas. Essencialmente, eles anotam não apenas o que é dito a eles mais também o que eles pensam. Isto pode ajudá-los a ouvir melhor.

41 – Escrever à mão às vezes é muito difícil paras estas crianças. Desenvolva alternativas. Ensine como utilizar teclados. faça ditados. Aplique testes orais.

42 – Seja como um maestro: tenha a atenção da orquestra antes de começar. Você pode utilizar do silêncio ou bater o seu giz ou régua para fazer isto. Mantenha a turma atenta, apontando diferentes partes da sala como se precisasse da ajuda deles.

43 – Sempre que possível, prepare para que cada aluno tenha um companheiro de estudo para cada tema, se possível com o número do telefone (adaptado de Gary Smith).

44 – Explique e dê o tratamento normal a fim de evitar um estigma.

45 – Reuna-se com os pais frequentemente. Evite o velho sistema de se reunir apenas para resolver crises ou problemas.

46 – Incentive a leitura em voz alta em casa. Ler em voz alta na sala de aula tanto quanto for possível. Faça a criança recontar estórias. Ajude a criança a falar por tópicos.

47 – Repetir, repetir, repetir.

48 – Exercícios físicos. Um dos melhores tratamentos para DA, adultos ou crianças, é o exercício físico. Exercícios pesados, de preferência. Ginastica ajuda a liberar o excesso de energia, ajuda a concentrar a atenção, estimula certos hormônios e neurônios que são benéficos. E ainda é divertido. Assegure-se de que o exercício seja realmente divertido, porque deste modo a criança continuará fazendo para o resto da vida.

49 – Com os mais velhos a preparação para a aula deve ser feita antes de entrar na sala. A melhor idéia é que a criança já saiba o que vai ser discutido em um certo dia e o material que provavelmente será utilizado.

50 – Esteja sempre atento às dicas do momento. Estas crianças são muitos mais talentosas e artísticas do que parecem. Elas são cheias de criatividade, alegria, espontaneidade e bom humor. Tendem a ser resistentes, sempre agarradas ao passado. Tendem a ser generosas de espírito, felizes de poder ajudar alguém. Normalmente têm algo especial que engrandece qualquer coisa em que estão envolvidas. Lembre-se de que no meio do barulho existe uma sinfonia que precisa ser escrita.


ENTREVISTA COM PAULO, PORTADOR DE TDAH

A seguir, mostraremos uma entrevista com um adolescente (do ensino médio) portador de TDAH, suas expectativas diante da vida, do sexo e de perspectivas futuras diante da definição de uma profissão. Em respeito ao pedido do adolescente entrevistado, manteremos em sigilo sua identidade a qual denominaremos de Paulo. (Entrevista realizada no mês de abril/2000).

Paulo, qual a sua idade? E em que série você estuda? -Tenho 16 anos e faço 17 em julho e estou cursando o 2º ano do ensino médio.

Como é o relacionamento com seus pais? -Bom. Você tem muitos amigos? -Sim, quero dizer, alguns colegas e poucos amigos.

Como é o seu dia a dia?  -Corrido. Levanto as 6 da manhã, vou para escola, estudo (não gosto de estudar, mas sei que é preciso. Só gosto de estudar matemática) volto para casa lá pelas 12:30h e almoço rapidinho. Em seguida vou trabalhar (trabalho muito, das 14:00 às 18:00 ou 19:00h) e quando chego em casa, vou malhar. Volto da malhação, tomo banho, janto e depois vou estudar.

Você gosta do seu trabalho? -Gosto. Tem pouco tempo que estou trabalhando e estou aprendendo muitas coisas.

O que você faz no trabalho? Há quanto tempo?  -Monto e conserto computadores. Comecei tem uns 2 meses, é meu primeiro emprego.

Você tem dificuldades em fazer isso? -Não. Você se acha esquecido? Porquê? -Um pouco. Porque eu esqueço das coisas.

Você gosta da sua escola? Justifique. -Não. Porque tem aulas que não gosto.

Quais aulas você não gosta?  -Todas, menos matemática, biologia e educação física.

Como são seus professores?  -Uns muito ruins (português, história), outros pacientes (educação física, matemática, física) e outros bem humorados (geografia, biologia) e outros chatos (química).

Quando está prestando atenção em alguma aula, o que costuma pensar? -Na matéria…mas quando o professor foge do assunto ou fala demais, alguma coisa mais complicada, me distraio (é comum) e penso em outras coisas…ou mesmo em nada, fico parado olhando para o lápis…e às vezes converso. Isso sempre acontece, em algumas aulas e de vez em quando em todas.

Consegue ficar parado por muito tempo?  -Não, bem que as vezes eu tento, mas não consigo.

Quando você tem de ficar calado, como se sente?  -Fico angustiado, fico pensando na hora em que eu vou falar de novo.

Seus professores são compreensíveis com você? Justifique.  -Nenhum, porém, matemática, biologia e geografia me dão um pouco mais de espaço, são mais pacientes.

Porque você acha que não consegue ficar parado ou calado? -Porque é chato ficar calado. Fico agitado demais, ai, não consigo pensar com calma e sinto meus pensamentos andarem tão rápido quanto meus músculos. Nessa hora, é difícil me concentrar, tenho vontade de sair da sala e correr, agitar, falar…Às vezes, isso fica meio descontrolado porque meus colegas comentam comigo e outras vezes, meus professores me expulsam de sala. O pior é quando estou em horário de prova e nada posso fazer, não é fácil controlar isso…

O que mais te chateia na sua escola? -Nota baixa e ir para a coordenação, isso sempre acontece.

Como são suas provas?  -Eu faço a prova bem concentrado, e de vez em quando eu colo. Quando a prova é de cálculo químico, português ou outra matéria qualquer que eu tenha de estar muito concentrado, isso fica bem difícil. Às vezes erro coisas bobas, que eu sei fazer, mas o cansaço pelo excesso de concentração e os barulhos ao meu redor, me deixam muito agitado, perco muito tempo neles e quando vejo bate o sinal e eu ainda nem terminei a prova. Quase sempre é a mesma coisa. Não sei porque existe “prova”, isso não prova nada.

Qual a maior dificuldade que você encontra ao realizar sua prova? -Quando eu não sei a matéria, fico com dificuldades e quando eu sei a matéria, tiro notas baixas. Dá vontade de largar tudo pra lá, mas minha família me cobra os resultados e eu faço o melhor que eu posso.

Para que você tenha maior sucesso, como gostaria que fosse suas provas? -Deveria ter muitos certos.

Que sugestões você daria para melhorar seu rendimento?  -Não sei, acho que se as provas tivessem alternativas de respostas e a sala fossem menos barulhenta, acho que eu teria mais chance.

Você pensa que é igual a outros alunos da sua sala? -Não, eu sou especial. Nunca tem ninguém igual a ninguém neste mundo.

Você pensa que tem alguma coisa?  -Eu acho que tenho menos inteligência do que os colegas. Eles prestam mais atenção nas aulas, não perdem tanto quanto eu…

Por que você acha que isso acontece com você?  -É natural, sou normal e as vezes apenas um pouco diferente.

Você gosta de ser assim?  -Sim, eu me acho bonito.

Se você tivesse que mandar um recado aos seus professores, o que diria? -Para de pegar no meu pé!

DEPOIMENTO DA MÃE DE PAULO

Meu filho é maravilhoso. Não sou mãe coruja, mas sou uma mãe que preciso estar de vigília sempre. Não posso perder o olhar para o meu filho. Em todos os sentidos…Funciono como um termômetro que está sempre medindo a temperatura dele. A temperatura emocional dele oscila conforme sua ansiedade, suas frustrações e sua impaciência. No passado, errei muito até entender como ele entende as coisas.

Meu marido é um pouco rígido na educação e na disciplina. Paulo é hoje um adolescente consciente de seu comportamento. Aos poucos estamos aprendendo com ele, e ele conosco. As vezes, me sinto angustiada, pois ele não é muito de falar e sua organização funciona de uma maneira própria, que incomoda profundamente seu pai. Isso gera conflitos nas relações entre ele e a família. Neste momento, respiro fundo, aciono o meu termômetro para controlar a temperatura de todos e acomodar as coisas nos devidos lugares. Esse não é um papel fácil, mas extremamente necessário para organizar e manter as coisas em ordem. Paulo não tem privilégios em nada.

O que é certo, é certo; mas o que é errado, precisa ser dito. Não tenho medo de fazer isso, mas para que eu seja bem entendida, tenho de usar as palavras certas, na hora certa. Isso exige muito de mim, do meu emocional que sempre tem de estar equilibrado para poder equilibrar. O meu termômetro me indica quando a auto-estima de meu filho esta em baixa. Imediatamente é hora de entrar em ação e fazer-lhe um carinho. Apesar dele ser bem grandinho (maior do que eu), sinto que é necessário um abraço, um beijo, colocar sua cabeça em meu colo e fazer carinho.

Pode parecer estranho, mas essa atitude tem um efeito certeiro. É como se eu abastecesse sua energia, seu apreço pela vida. Estou sempre por perto, auxiliando, mas não tomando a direção de sua vida, pois entendo perfeitamente que isso, é função primordial do seu ser. A vida é dele e temos de entender que ele não é meu, ele é do mundo… Difícil dizer isso, mas necessário para que eu não o coloque em uma redoma de vidro. Meu filho precisa cair e ter força suficiente para levantar. Não importa o tamanho do tombo, ele tem de levantar…Este é o meu papel…cuidar para que ao longo do tempo, ele sobreviva … A sociedade é cruel com as pessoas diferentes. Durante os meus anos de mãe, tenho brigado muito para que as pessoas entendam o potencial de meu filho. Sou eu, brigando com o mundo e com as pessoas…estou sempre repetindo para eles que Paulo é uma pessoa muito inteligente, enquanto a escola diz o contrário. As notas de meu filho poderiam ser melhores, mas não são. Ele sempre tira as notas na média ou abaixo delas.

Isso o abala muito. Quando o questiono sobre as matérias e as notas, ele costuma dizer que não sabe o que aconteceu, pois ele sabe a matéria. Ai, eu paro e me pergunto: até quando isso vai acontecer? Não tenho resposta, pois está tudo errado…Será que a escola não pode fazer nada? Será que o sistema de avaliação não poderia ser diferente? Até quando vão carimbar o meu filho como insuficiente? Grito para o mundo que ele é nota 10, mas as vezes, nem mesmo ele me escuta… Nestes momentos, respiro fundo e com o amor de mãe, a paciência de um gigante e a persistência de quem acredita no que vê, retomo o meu trabalho e estruturo suas bases, de forma que ele passe a acreditar em seu potencial e possa vencer mais essa etapa. Não posso perder o olhar para o meu filho. Se isso acontecer, perderei o olhar sobre tudo o que acredito nesta vida.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Na evolução da história educacional, podemos destacar a não aprendizagem como uma das causas do fracasso escolar, mas, se analisarmos melhor veremos que esta questão é bem mais ampla. Ela pode estar ligada a vários fatores que merecem nossa atenção. Não podemos cruzar os braços e achar que tudo vai passar com o tempo. Devemos correr contra o tempo e fazer acontecer, buscar, pesquisar, informar e acima de tudo acreditar que nosso filho ou nosso aluno pode ser um vencedor na luta pelo troféu de seus ideais.

Através do nosso exaustivo trabalho, ainda temos a oportunidade de conviver com pessoas como Paulo, sua mãe e muitos outros pais, filhos e educadores que muito contribuem para o nosso aprendizado. Esperamos que os processos educacionais vigentes, através da capacitação de seu corpo docente, priorizem a aprendizagem respeitando as várias formas de inteligência que todos possuímos, para que possamos formar pessoas conscientes, autônomas e mais capazes de acreditar no seu verdadeiro potencial. Lembramos que somente médicos fazem administração da medicação, quando acharem necessário. Aos educadores cabe um estudo minucioso sobre o aluno portador de TDAH e a interação deste com sua família.

Aos pais, muita informação pois a partir deste conhecimento (sempre atualizado) estarão em condições de questionar junto aos profissionais uma melhor educação para seu filho. É difícil, reconheço, mas jamais será impossível enquanto houver alguém preocupado em melhorar as condições de aprendizagem de um aluno portador de TDAH. Finalizando, queremos crer que este material informará leigos, pais e professores a entenderem, conviverem e ajudar pessoas com TDAH, tornando-as seres humanos mais auto-confiantes diante de suas próprias dificuldades.

Responsáveis por essa matéria: Leila Landgraf (Consultora Educacional) Maria Auxiliadora Migliorini (Psicopedagoga) www.cvdvida.org.br


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4ed. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995 HALLOWELL, E.W.; RATLEY, JOHN, J. Driven to Distraction. New York, Touchstone, 1995

BIBLIOGRAFIA DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1995. SAUSEN FEIL, Iselda Terezinha. Alfabetização um desafio novo para um novo tempo. 13ª edição. Petrópolis: Vozes, 1983. WERNECK, Hamilton. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. 16ª edição. Petrópolis: Vozes, 1999. WEISS, Alba Maria Lemme e CRUZ Mara Lúcia R.M. da, A Informática e os problemas de aprendizagem. Rio de Janeiro: DR&A, 1998. ROHDE P., Luís Augusto e BENCZIK P. B. Edyleine. Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 1999.

REVISTAS: Diálogo Médico – Ano 13 – nº 1 – Jan/fev 1998 (p.12 a 16) A Gazeta Viva – Ano 1 – nº 4 – Abril/2000 (p.50 a 53) Revista Cláudia – Agosto 95 (p. 168 a 172)

SITES PESQUISADOS: • http://www.geocities.com/Athens/Acropolis/6634/falsamemoria.htm ( Elizabeth F. Loftus, Ph.D em psicologia da Universidade de Stanford/1970) • http://www.neurociências.nu/ (Fernando Lage Bastos e Marcelo Cunha Bueno) • http://www.dda.med.